11 de março de 2010

O parasitismo social temporário, um caso de substituição de rainhas - livro PNN

"Leonardo da Senhora das Dores Castello-Branco (1845 p-56) pioneiro pesquisador e divulgador da criação de abelhas indígenas na Federação Brasileira, ao discursar sobre as abelhas da "Província do Piauhy no Império do Brasil", referiu-se também à URUÇU AMARELA (hoje classificada como

Melipona rufiventris). Segundo esse autor, entre outras características, essa abelha se apodera "... e em boa paz, do cortiço das tiubas mais mansas, ou menos expertas, as quais sofrem os roubos da sua hóspede por algum tempo, mas finalmente desconfiam e tomão o partido de se irem embora." (TIÚBA = Melipona compressipes).

Tive ocasião de verificar, em Luziânia (GO), que em duas de minhas colônias de URUÇU NORDESTINA

{Melipona scutellaris), em diferentes ocasiões havia, pacificamente integradas nessas colônias, um certo número de exemplares de URUÇU AMARELA. No primeiro caso a colônia estava fraca e pereceu. No segundo caso, também a princípio as abelhas da espécie URUÇU AMARELA eram poucas, mas depois se tornaram as únicas abelhas de uma forte colônia. A minha interpretação é a seguinte. Uma rainha nova, fecundada, de URUÇU AMARELA (nesse caso, Melipona rufiventris rufiventris) certamente invadiu a colônia, medianamente forte, de URUÇU NORDESTINA. A rainha invasora, agindo solitariamente, teria colocado o seu feromônio real sobre a rainha da URUÇU NORDESTINA. Em conseqüência, as próprias operárias Melipona scutellaris provavelmente mataram a sua rainha e adotaram a rainha invasora Melipona rufiventris.

Essa substituição interespecífica de rainhas ocorre em certas formigas e foi denominada por William M. Wheeler (1910 pp.213-215) de "parasitismo social temporário." E temporário porque depois a colônia se torna totalmente composta por indivíduos da espécie da rainha invasora. O mesmo acontece com duas espécies de Bombíneos. Rainhas de

Bombus terrestris "freqüentemente" invadem os ninhos de B. lucorum, matam a rainha dessas colônias e a substituem, segundo F. W. L. Sladen (1912 pp.57-58). Segundo Vera L. Imperatriz-Fonseca (1977 pp.174-175) na MIRIM DA TERRA {Paratrigona subnuda), uma rainha virgem da mesma colônia excreta uma substância atrativa para as operárias e a deposita sobre o corpo da rainha poedeira. Depois as operárias matam a rainha poedeira, cortando-a em pedaços."

Nenhum comentário:

Postar um comentário